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O jornalista e professor
Manuel Dutra escreve, em seu blog, a notícia sobre um dos ralos em que escorre dinheiro público. A matéria traz informação esclarecedora e, de forma bem simples, Dutra alerta para a atenção ao método usado na cobrança de publicidades aos órgãos governamentais.
“Um amigo publica um post no Facebook, na noite de
domingo, chamando nossa atenção para o fato de o Banco do Brasil patrocinar as
“videocassetadas” de um programa de entretenimento na TV Globo. Pergunta
simples: estaria o banco público procurando novos clientes entre os
telespectadores do tal programa? Qual o sentido de tal investimento,
considerando o negócio do BB?”
É fato, que há muito tempo
o poder público é o grande patrocinador de veículos de comunicação. Bem
diferente de outros países, quando há por parte dos habitantes o exercício de cidadania em fazerem questão de pagar por uma imprensa isenta. Por lá, sobrevivem sem a ajuda de “custo” de governos.
Até os dias de hoje, distribuir
verba pública para meios de comunicação é uma forma de mascararem leves
deslizes de decoros. Silenciam, aquietam, com grandes quantias em dinheiro.
Isso acontece de forma
explícita e acompanhada do bordão: 'é tudo dentro da lei'.
Não resolve retirar do
poder o presidente de um país e deixar assentados nos plenários da câmara e do
senado partidos e seus representantes que fazem ainda pior, quando não faturam o
bastante para bancarem o luxo que os mantêm no poder.
A grande mídia, para obter
o dinheiro alto, manipula para eleger os candidatos que serão mais benevolentes na
hora de assinarem contratos de publicidade. E sabe bem como golpear os que não pagam o valor exigido para gozarem de seus títulos de autoridades públicas.
Imagina...... sãos
quantias exorbitantes para um países que mantêm a maioria de sua população em verdadeiro
estado de calamidade.
VERBAS BILIONÁRIAS
Retomando o ponto de
partida, entre 2000 a
2012 (confira o quadro completo), o governo federal despejou R$ 10,7 bilhões só
nas emissoras de TV (abertas e fechadas). Só o grupo Globo faturou R$ 5,8 bi
equivalente a 54,71% do total de recursos investidos. Os dados demonstram a
estranha e paradoxal ligação entre Estado e empresas privadas que controlam as
comunicações no país. Na ponta do lápis, dez veículos de comunicação concentram
70% do dinheiro.
A reportagem de Conceição
Lemes (Viomundo), analisando os números somente de 2012, não deixa dúvidas: “O
governo federal é o maior anunciante do Brasil. Em 2012, os recursos destinados
à publicidade de ministérios, órgãos e empresas estatais somaram R$ 1,8
bilhões. Desse montante, 62,63% foram investidos em televisão. A Globo, sem
contar seus canais pagos, obteve 43,98% das verbas para esse meio, em torno de
R$ 495,3 milhões. A TV fechada ficou com 10,03% ou cerca de R$ 113 milhões”
(acesse aqui: http://migre.me/p8GDU).
Nas demais mídias, a
distribuição de recursos é menor, proporcional ao seu alcance “de mercado”,
critério adotado pela Secom: “Jornais ficaram com R$ 146,6 milhões (8,15%).
Revistas, com R$ 142,2 milhões (7,91%). E rádios, com R$ 137,6 milhões (7,66%).
Nos três meios, uma pequena queda em relação a 2011 devido à queda de
circulação/audiência. A internet, único meio em franco crescimento, está na
rabeira com algo em torno de R$ 95,6 milhões, isto é, 5,32% dos investimentos”
(Fonte cit.).
Essas informações foram
geradas a partir dos dados disponibilizados pela Secom-PR ao Instituto para
Acompanhamento da Publicidade (IAP). O Instituto reproduz a previsão de uso de
tempos e/ou espaços publicitários, oriundas dos pedidos de inserção
encaminhados pelas agências de publicidade ao IAP, como explica Lemes.
GOVERNO FINANCIA MONOPÓLIO
É inegável a concentração
de recursos nos grupos que monopolizam as comunicações no Brasil. Um estudo
realizado por fonte insuspeita comprova isso. Quem escreve é Venício Lima
(professor aposentado da UnB): “Levantamento realizado pelo jornal Folha de
S.Paulo, a partir de dados da própria Secom-PR, publicado em setembro de 2012,
revela que nos primeiros 18 meses de governo Dilma Rousseff (entre janeiro de
2011 e julho de 2012), apesar da distribuição dos investimentos de mídia ter
sido feita para mais de 3.000 veículos, 70% do total dos recursos foram
destinados a apenas dez grupos empresariais” (Fonte: http://migre.me/p8H7O).
Lima acrescenta ainda que
“os investimentos oficiais fortalecem e consolidam os oligopólios do setor em
afronta direta ao parágrafo 5º do artigo 220 da Constituição Federal de 1988,
que reza: ‘Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente,
ser objeto de oligopólio ou monopólio’” (Fonte cit.). Uma simples inversão de
prioridades, em direção às pequenas e médias empresas de comunicação, de
caráter regional, já seria interessante contribuição à luta pela democratização
do setor.
Na visão de Renato Rovai,
presidente da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação
(Altercom), 30% das verbas publicitárias do governo federal deveriam ser
destinadas às pequenas empresas de mídia. Lima concorda e defende a proposta da
Altercom: “Considerada a centralidade social e política da mídia, todavia, o
que está em jogo é a própria democracia na qual vivemos. Não seria essa uma
razão suficiente para o governo federal apoiar a mídia alternativa?” (cit.).
Ou seja, a errática
estratégia de comunicação do governo Federal alimenta um sistema que desinforma
e mantém a sociedade refém de um discurso único sobre a realidade. A chamada
“grande imprensa” deixou de fazer apenas simples oposição ao projeto de governo
reeleito, em outubro de 2014. Na simbiose com o campo da política, as empresas
de comunicação converteram-se num avançado protagonista antidemocrático do
cenário político, usurpando o direito de fazer seu negócio, e transformando-se,
na vida real, num partido político de oposição monocrático, autoritário.
Matéria completa: Manuel Dutra
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