Jim Tucker
ENTREVISTA
Médico pesquisa a lembrança de
vidas passadas em crianças
Jim Tucker, 55, é hoje uma
autoridade mundial na pesquisa sobre crianças que se recordam de suas vidas
passadas. Diretor médico da Clínica de Psiquiatria Infantil e Familiar, nos Estados
Unidos, é autor de “Vida Antes da Vida” (editora Pensamento) e “Retorno à Vida”
e de dezenas de artigos em revistas científicas.
ANA ELIZABETH DINIZ
O que o levou a enveredar pela pesquisa de memórias
de vidas passadas em crianças?
Eu nunca havia considerado
seriamente a ideia da reencarnação antes de ler o best-seller “20 Casos
Sugestivos de Reencarnação”, do médico Ian Stevenson, com quem trabalhei.
Fiquei intrigado tanto pelos relatos das crianças quanto com a possibilidade de
estudá-los a partir de uma abordagem científica objetiva. Em 1999, comecei a
trabalhar com o tema.
Quantos casos de crianças que se lembram de suas
vidas pretéritas o senhor já pesquisou e em quantos países?
Eu e meus colegas da
Universidade de Virgínia já estudamos mais de 2.500 casos, e eles vêm de todas
as partes do mundo, incluindo todos os continentes, com exceção da Antártida.
Qual a idade média dessas crianças?
Em torno de 35 meses
(quase três anos), e a maioria delas para de conversar sobre o assunto por
volta de seis ou sete anos. No entanto, minha colega Erlendur Haraldsson,
entrevistou tanto adultos como crianças que falavam sobre suas vidas passadas e
um número surpreendente disse que ainda tinha um mínimo de lembranças.
Há uma lembrança recorrente?
Algumas crianças dizem que
já estiveram aqui antes. Fornecem diversos detalhes sobre vidas anteriores,
muitas vezes descrevendo como morreram. Mais comumente, das crianças que
descrevem suas mortes e o fim de suas vidas anteriores, 75% relatam que tiveram
uma morte violenta ou súbita. Em 70% dos casos, elas morreram por meios não
naturais, por guloseimas, acidentes, assassinatos, suicídios ou por combates.
Sem dúvida, as crianças dizem muita coisa, e poderíamos simplesmente concluir
que estão fantasiando, o que de fato fazem com frequência. Mas e se, em alguns
casos, as pessoas que as ouvirem tentarem descobrir se os episódios descritos
realmente aconteceram? E se, chegando aos lugares mencionados pelas crianças,
essas pessoas descobrirem que as palavras ditas sobre acontecimentos passados
eram mesmo verdadeiras? E então?
O senhor relata em seu livro casos de crianças que
nasceram com marcas ou defeitos de nascença. O que eles revelam?
Eles lembram ferimentos no
corpo da personalidade anterior, geralmente de natureza fatal. Um caso que
inclui tanto o sonho premonitório quanto um defeito de nascença é o de Süleyman
Çaper, da Turquia. A mãe sonhou, durante a gravidez, que um homem desconhecido
lhe dizia: “Fui morto por um golpe de pá. Quero ficar com você e com ninguém
mais.” Quando Süleyman nasceu, viu-se que a parte posterior do seu crânio era
parcialmente deprimida e também apresentava uma cicatriz. Ao aprender a falar,
disse que tinha sido um moleiro morto quando um freguês enfurecido feriu-o na
cabeça. Juntamente com outros detalhes, forneceu o primeiro nome do moleiro e o
da aldeia onde residiu. De fato, um freguês enfurecido havia assassinado um
moleiro daquele mesmo nome e naquela mesma aldeia, golpeando-o na nuca com uma
pá.
Como médico, o senhor crê na possibilidade da
reencarnação?