segunda-feira, 23 de março de 2015

BB INVESTE NO DOMINGÃO DO FAUSTÃO - PATROCÍNIO POLÊMICO!

Reprodução


O jornalista e professor Manuel Dutra escreve, em seu blog, a notícia sobre um dos ralos em que escorre dinheiro público. A matéria traz informação esclarecedora e, de forma bem simples, Dutra alerta para a atenção ao método usado na cobrança de publicidades aos órgãos governamentais.    


“Um amigo publica um post no Facebook, na noite de domingo, chamando nossa atenção para o fato de o Banco do Brasil patrocinar as “videocassetadas” de um programa de entretenimento na TV Globo. Pergunta simples: estaria o banco público procurando novos clientes entre os telespectadores do tal programa? Qual o sentido de tal investimento, considerando o negócio do BB?”


É fato, que há muito tempo o poder público é o grande patrocinador de veículos de comunicação. Bem diferente de outros países, quando há por parte dos habitantes o exercício de cidadania em fazerem questão de pagar por uma imprensa isenta. Por lá, sobrevivem sem a ajuda de “custo” de governos.

Até os dias de hoje, distribuir verba pública para meios de comunicação é uma forma de mascararem leves deslizes de decoros. Silenciam, aquietam, com grandes quantias em dinheiro.
Isso acontece de forma explícita e acompanhada do bordão: 'é tudo dentro da lei'.

Não resolve retirar do poder o presidente de um país e deixar assentados nos plenários da câmara e do senado partidos e seus representantes que fazem ainda pior, quando não faturam o bastante para bancarem o luxo que os mantêm no poder.

A grande mídia, para obter o dinheiro alto, manipula para eleger os candidatos que serão mais benevolentes na hora de assinarem contratos de publicidade. E sabe bem como golpear os que não pagam o valor exigido para gozarem de seus títulos de autoridades públicas.

Imagina...... sãos quantias exorbitantes para um países que mantêm a maioria de sua população em verdadeiro estado de calamidade.






 VERBAS BILIONÁRIAS

Retomando o ponto de partida, entre 2000 a 2012 (confira o quadro completo), o governo federal despejou R$ 10,7 bilhões só nas emissoras de TV (abertas e fechadas). Só o grupo Globo faturou R$ 5,8 bi equivalente a 54,71% do total de recursos investidos. Os dados demonstram a estranha e paradoxal ligação entre Estado e empresas privadas que controlam as comunicações no país. Na ponta do lápis, dez veículos de comunicação concentram 70% do dinheiro.

A reportagem de Conceição Lemes (Viomundo), analisando os números somente de 2012, não deixa dúvidas: “O governo federal é o maior anunciante do Brasil. Em 2012, os recursos destinados à publicidade de ministérios, órgãos e empresas estatais somaram R$ 1,8 bilhões. Desse montante, 62,63% foram investidos em televisão. A Globo, sem contar seus canais pagos, obteve 43,98% das verbas para esse meio, em torno de R$ 495,3 milhões. A TV fechada ficou com 10,03% ou cerca de R$ 113 milhões” (acesse aqui: http://migre.me/p8GDU).

Nas demais mídias, a distribuição de recursos é menor, proporcional ao seu alcance “de mercado”, critério adotado pela Secom: “Jornais ficaram com R$ 146,6 milhões (8,15%). Revistas, com R$ 142,2 milhões (7,91%). E rádios, com R$ 137,6 milhões (7,66%). Nos três meios, uma pequena queda em relação a 2011 devido à queda de circulação/audiência. A internet, único meio em franco crescimento, está na rabeira com algo em torno de R$ 95,6 milhões, isto é, 5,32% dos investimentos” (Fonte cit.).

Essas informações foram geradas a partir dos dados disponibilizados pela Secom-PR ao Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP). O Instituto reproduz a previsão de uso de tempos e/ou espaços publicitários, oriundas dos pedidos de inserção encaminhados pelas agências de publicidade ao IAP, como explica Lemes.


GOVERNO FINANCIA MONOPÓLIO

É inegável a concentração de recursos nos grupos que monopolizam as comunicações no Brasil. Um estudo realizado por fonte insuspeita comprova isso. Quem escreve é Venício Lima (professor aposentado da UnB): “Levantamento realizado pelo jornal Folha de S.Paulo, a partir de dados da própria Secom-PR, publicado em setembro de 2012, revela que nos primeiros 18 meses de governo Dilma Rousseff (entre janeiro de 2011 e julho de 2012), apesar da distribuição dos investimentos de mídia ter sido feita para mais de 3.000 veículos, 70% do total dos recursos foram destinados a apenas dez grupos empresariais” (Fonte: http://migre.me/p8H7O).

Lima acrescenta ainda que “os investimentos oficiais fortalecem e consolidam os oligopólios do setor em afronta direta ao parágrafo 5º do artigo 220 da Constituição Federal de 1988, que reza: ‘Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de oligopólio ou monopólio’” (Fonte cit.). Uma simples inversão de prioridades, em direção às pequenas e médias empresas de comunicação, de caráter regional, já seria interessante contribuição à luta pela democratização do setor.

Na visão de Renato Rovai, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom), 30% das verbas publicitárias do governo federal deveriam ser destinadas às pequenas empresas de mídia. Lima concorda e defende a proposta da Altercom: “Considerada a centralidade social e política da mídia, todavia, o que está em jogo é a própria democracia na qual vivemos. Não seria essa uma razão suficiente para o governo federal apoiar a mídia alternativa?” (cit.).

Ou seja, a errática estratégia de comunicação do governo Federal alimenta um sistema que desinforma e mantém a sociedade refém de um discurso único sobre a realidade. A chamada “grande imprensa” deixou de fazer apenas simples oposição ao projeto de governo reeleito, em outubro de 2014. Na simbiose com o campo da política, as empresas de comunicação converteram-se num avançado protagonista antidemocrático do cenário político, usurpando o direito de fazer seu negócio, e transformando-se, na vida real, num partido político de oposição monocrático, autoritário.

Matéria completa: Manuel Dutra



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